BC vê cenário mais difícil e juros em nível mais alto

05.11.2025

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BC vê cenário mais difícil e juros em nível mais alto

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Rodrigo Oliveira
4 minutos de leitura 25.06.2024 08:32 comentários
Economia

BC vê cenário mais difícil e juros em nível mais alto

Elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas foram consenso entre os diretores para a interrupção no ciclo de quedas da Selic

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Rodrigo Oliveira
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BC vê cenário mais difícil e juros em nível mais alto
Foto: Reprodução

A divulgação da Ata do Comitê de Política Monetária trouxe detalhes sobre a visão do Banco Central que levou à decisão unânime do colegiado pela interrupção nas quedas da taxa básica de juros. De acordo com o documento, divulgado a pouco, a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, quando os agentes econômicos esperam uma pressão sobre os preços diferente da esperado pela autoridade monetária, foi um dos pontos em comum entre os membros do grupo.

O Comitê unanimemente avalia que se deve perseguir a reancoragem das expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por trás da desancoragem ora observada e ressalta que a reancoragem das expectativas de inflação é vista como elemento essencial para assegurar a convergência da inflação para a meta. O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira. O Comitê não se furtará de seu compromisso com o atingimento da meta de inflação e entende o papel fundamental das expectativas na dinâmica da inflação“, diz o texto.

O Copom, no entanto, também destacou a percepção de condições mais desafiadoras para os próximos meses com um cenário externo em que algumas economias têm postergado as decisões sobre relaxamento monetário e a dificuldade dos Estados Unidos com o processo desinflacionário. No cenário interno, o texto cita o crescimento da demanda em função do crescimento no consumo das famílias “sustentado primordialmente pelo mercado de trabalho, benefícios sociais e pagamentos de precatórios“.

A autarquia ressalta ainda que essa pressão pode não ser atendida sem impacto inflacionário, uma vez que o hiato do produto praticamente se fechou. Isso significa que a capacidade da economia brasileira estaria próxima do esgotamento e que mais crescimento pode gerar mais inflação. “Comitê avalia que o hiato do produto, que se encontrava levemente negativo na última avaliação divulgada, mas que já vinha sendo objeto de estudo utilizando diferentes métodos ao longo dos últimos meses, está agora em torno da neutralidade“, diz a ata.

Outra novidade no documento que aponta para taxas mais altas por mais tempo foi a revisão da infame taxa de juros neutra, que seria o nível em que a Selic não influenciaria a economia. “Em função da incerteza intrínseca e da própria natureza da variável, o Comitê reforçou que a taxa neutra não é uma variável que deve ser atualizada em frequência alta e que tampouco deveria ter movimentos abruptos, salvo em casos excepcionais. Nesse contexto, o Comitê elevou marginalmente a hipótese de taxa de juros real neutra em seus modelos para 4,75%“, explica o Copom.

Funciona mais ou menos assim: a soma da taxa neutra mais a inflação formaria o nível de juros em que a política monetária nem acelera a economia, nem a freia. Grosso modo, imagine que com um juro neutro de 4,75% mais uma inflação de 4%, a taxa básica de juros de equilíbrio seria algo em torno de 8,75% ao ano, o que significa que uma Selic mais alta que essa soma seria contracionista para a economia e deveria segurar a inflação (o que o BC está perseguindo atualmente), enquanto que o contrário traria mais dinamismo para a economia e um aquecimento da pressão sobre os preços.

A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta“, reafirmaram os diretores do BC.

O texto finaliza com o colegiado ressaltando que a motivação para a interrupção dos cortes na Selic se deve ao cenário global incerto e o doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, o que demanda maior cautela por parte da autarquia na condução da política monetária.

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Rodrigo Oliveira

Jornalista pela UnB (Universidade de Brasília), pós-graduado em Marketing &amp; Mídias Digitais pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e especializado em finanças e negócios. É Analista de Valores Mobiliários (CNPI) certificado pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) com quatro anos de experiência profissional no mercado financeiro.

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